on purchases over €75
on purchases over €75

Quem diria que os cães poderiam ser tão inteligentes que começassem a causar inveja em certas pessoas que não se lembram de onde deixaram as chaves? Um estudo recente da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, mostra que alguns cães – apelidados de “Gifted Word Learner Dogs” – conseguem entender não só os nomes de brinquedos, mas também generalizar esses nomes para brinquedos novos que “fazem a mesma coisa”, mesmo que pareçam diferentes.
Normalmente, quando ensinas um cão a buscar uma “bola”, ele associa um objeto que se parece com uma bola ou que sempre foi usado desse jeito. Mas estes cães foram treinados para saber que se algo “puxa” (pull) ou “busca” (fetch) é um brinquedo de um tipo ou outro, independentemente da forma. Depois de aprender dois comandos (“Pull” e “Fetch”), os donos introduziram brinquedos novos — sem ensinar previamente esses comandos para os novos brinquedos — e adivinha? Os cães escolheram brinquedos novos de “pull” ou “fetch” quando ouviam os comandos correspondentes, mesmo sem nunca terem ouvido os nomes aplicados àqueles brinquedos específicos.

Os protagonistas desta investigação foram sete cães, seis deles Border Collies e um Blue Heeler. Por que estas raças? Border Collies já são famosas pela inteligência canina, atenção e facilidade de aprender comandos complexos, o que talvez ajude neste tipo de tarefa de abstração. O treino foi feito durante sessões diárias em casa com os donos, com bastante brincadeira envolvida — nada de laboratórios frios, pipetas ou gravatas borboleta (apesar de isso até poder ficar fofo).
Claro, nem todos os cães são assim. Este tipo de capacidade – generalizar palavras para objetos novos com base em função, não aparência – parece raro. Requer exposição, treino consistente, paciência dos donos, motivação do cão (brinquedos, brincadeiras) e talvez uma predisposição genética / de raça. Ou seja: não vai servir para convencer o teu cão a trazer o comando “café” ou “Netflix”, mas é um passo bem interessante para entender como funciona a aprendizagem verbal nos animais.

Brincadeiras à parte, isto levanta questões muito curiosas: o que distingue “gênio canino” de cão normal? E até que ponto podemos atribuir capacidades de linguagem humana (ou parecida) a animais? Pode ajudar no treino, no bem-estar, em terapias assistidas por cães, ou mesmo em projetos de inteligência artificial / cognitiva comparativa. Se sabemos que estes cães conseguem abstrair funções e generalizar, talvez possamos melhorar métodos de ensino canino, brinquedos educativos, interações mais ricas entre donos e animais. Também reforça a ideia de que cães entendem mais do que pensamos — às vezes, só não falam para não nos deixarem mal. 😉
Os Border Collies já têm histórico de realizar tarefas impressionantes: contar, distinguir formas, seguir setas, lembrar localização de objectos, etc. Este estudo acrescenta esse “toque” de abstração funcional.
Estudos anteriores mostraram que crianças pequenas generalizam rótulos de objetos (por função, não só aparência) muito cedo no desenvolvimento. Ver que cães fazem algo parecido sugere que a função como categoria cognitiva pode ser algo presente em mais espécies do que suspeitávamos.
Talvez parte do truque seja o reforço positivo: brincar, recompensar com brinquedos que o cão adora quando acerta, e manter contexto divertido. Aprendizagem séria pode ser muito divertida.
Portanto, se achas que o teu cão está a ignorar-te (quando chamas “venha cá”, “senta”, “deita”) — lembra-te de que talvez ele esteja à espera de algo que faça sentido para ele. Mas, se tiveres paciência para brincar, treinar com consistência, e perceber que função importa mais que aparência, quem sabe? Talvez descubras um Gifted Word Learner em casa. Seja como for, este estudo mostra mais uma vez que os cães são mais do que meros “alarmes anti-intrusos” ou “roubadores de comida da mesa”: são alunos do mundo real, com capacidades cognitivas surpreendentes.
{"one"=>"Select 2 or 3 items to compare", "other"=>"{{ count }} of 3 items selected"}
Leave a comment